O tecelão alentejano

Carlos Rosa, nascido em 1958 em Almodôvar, baixo Alentejo, é artesão tecelão desde 1985. “Esta arte vem de família pois tenho 300 anos de tecelagem ou atividades ligadas aos fios”, afirma.

Quando regressou de França em 1985, foi convidado para integrar um curso de tecelagem, que abraçou com “naturalidade” e reconhece ter ficado “apaixonado pelo tear e por esta arte maravilhosa das teias e das tramas”.

Já lá vão trinta anos de tecelagem e artesanato, a calcorrear o mundo pelas exposições e feiras locais, regionais, nacionais e internacionais. E consigo leva a música e o canto, a sua outra paixão. O que o fascina? “É a ligação com os fios, com a teia, com o tear, que faz que todos os dias sejam diferentes. É a música, o cantar do tear, que faz que mesmo trabalhando sozinho, não ficamos aborrecidos. É a diversidade de uma arte que nos enche a vida com a sua exigência e com as inúmeras possibilidades e desafios com que nos confrontamos”.

Tem uma visão e uma actuação muito políticas. Gostaria que houve mais intervenção no artesanato. Receia que as artes tradicionais acabem por desaparecer “e só fiquem as empresas e os grandes já instalados no mercado”. Considera que não se aposta na formação para os jovens, “o artesanato não é promovido eu incentivado e aos poucos as artes e os artesãos vão desaparecer”. Questiona-se sobre o futuro do artesanato num modelo de sociedade que considera “economicista”.

A Camisola Poveira é um dos ex-libris da Póvoa de Varzim, estando territorialmente associada sobretudo aos limites geográficos da União de Freguesias da Póvoa de Varzim, Beiriz e Argivai. É um traje festivo, feito em lã, no seu tom natural de ovelha branca, decorado com emblemáticos bordados a ponto de cruz, a preto e branco. É produzida artesanalmente e tem mais de um século de existência. É uma camisola retangular de mangas compridas. A gola é em estilo “mandarim” e o decote é de abertura simples, fechado por um ou três cordões feitos com o mesmo material.

Os motivos bordados, são fundamentalmente dispostos na parte frontal, assim como nas mangas. A fauna do mar, siglas identitárias de cada família e representações simbólicas portuguesas (como as quinas) são os motivos mais frequentes. Também se borda o nome ou alcunha do portador.

O filme “Ala-Arriba”, realizado por Leitão de Barros em 1942 e que foi premiado no Festival de Veneza, contribuiu para a divulgação da Camisola Poveira, assim como para a sua valorização comercial. O Museu de Arte Popular, em Lisboa, tem também integrada no seu espólio a Camisola Poveira.

São 2 irmãs designers (de moda e gráfica) na segunda geração de uma fábrica produtora de malas em pele, há quase 40 anos. Ao longo dos anos, a sua empresa vem acumulando experiência e habilidades na arte de trabalhar a pele, resultado do contacto contínuo com marcas internacionais.

A qualidade dos produtos é classificada pelos clientes de boa a excelente. Do fruto destes bons anos de trabalho, nasceu uma vontade natural: a criação da sua primeira marca – ANTÓNIO, nome do pai.

A ANTÓNIO nasce da simbiose entre a sua história – a handmade story (slogan da marca) e os valores que querem ver no mundo – responsabilidade social e ambiental.

Os valores da ANTÓNIO assentam nos seguintes pilares:

• Uso de pele eco friendly de tratamento 100% vegetal, não agressivo ao meio ambiente;
• Hardware (acessórios metálicos) isento de níquel;
• Forro em 100% algodão;
• Aposta na Qualidade “hand made” e na atribuição de tempo ao detalhe;
• Design minimalista, enriquecido com pormenores nobres e personalizados.

Para além destas características que consideram ser a espinha dorsal da marca, quiseram ainda atribuir-lhe singularidade:

• Cada produto tem um nome e uma personalidade;
• A colecção é intemporal e elegante. Capacitada para elevar um look despojado;
• Os produtos são versáteis e adaptáveis a contextos de trabalho-laser, noite-dia;
• A edição especial trabalhada com tinta à mão é única e inimitável;
• As peças são feitas em pele de cor natural, sensível à luz, onde a história do produto com o seu utilizador se vai escrevendo.

“O Jorge”, sediado na Vila de Fazendas de Almeirim, dedica-se ao fabrico de calçado artesanal em pele.

Com mais de 30 anos na área, produz artigos por medida que vão de encontro ao gosto dos diversos clientes das diversas áreas sejam elas a Tauromaquia, o Folclore, a Equitação, a Caça ou o casual.

Com o gosto pela qualidade e requinte, mantém as técnicas tradicionais para dar continuidade à arte que representa.

Nasceu em Coimbra em 1970.

Maria Pratas sentiu que a sua formação em Educação Visual, centrada em conteúdos visuais e na bidimensionalidade do que se observa, por oposição, estreitou a necessidade de trabalhar num plano tridimensional. Aqui, as matérias-primas e os diversos materiais suscitam a curiosidade em conhecer os processos para a sua transformação. Enquanto cria, a artista têxtil, não se distrai com o tempo e, focada nas suas mãos, atravessa-se criativa pelo atelier, onde o território do têxtil domina sempre todo o processo.

Os seus objectos são produzidos a partir da aplicação de uma técnica de cestaria designada por “bobine”, em que a corda serve de estrutura à forma que surge pela costura à mão, com recurso a fibras naturais e fibras têxteis, com destaque para a lã.
A cor, o ambiente e a função de cada objeto competem pelo papel principal, mas é volumetria de cada forma que os tornam únicos e peculiares. 


Brace’Arte

O seu percurso enquanto artesã começa em busca de uma mudança de vida. Com 55 anos de idade, Isabel Martins envereda por um caminho que lhe trouxe paz de espírito e tranquilidade. Torna-se artesã dando vida a um material existente na região em que vive e recuperando técnicas ancestrais, usando bracejo, conhecido cientificamente por stipa gigantea. Após aprender as técnicas essenciais e básicas no projecto Entrelaços, desenvolve o gosto pela criação de peças artísticas próprias inspiradas nas suas viagens e feiras de artesanato.

Para além desta inspiração, o seu gosto por esta arte incita-a a criar peças diferentes e muito apreciadas. Para além de decorativas tenta criar peças úteis. É perfeccionista e quando termina uma peça tem de a admirar, tem de ser a sua primeira fã – trabalha para os outros como se para si trabalhasse – com a maior vontade e paixão.

PROCURAR SABER-FAZER

Há algo misterioso num objecto feito à mão.

Depois do toque, há tempo natural e humano que nos convida a uma conexão sensível com o objecto e com a história que transporta.

Trabalhar madeira é um processo de imprevistos, descobertas e respeito pela natureza e pelo Lugar que habitamos. Os materiais utilizados são locais e, quase sempre, trazidos de podas sazonais, recolhidos de árvores atingidas por causas naturais, ou de desperdícios de marcenarias. Este acto recolector cria novas oportunidades para os materiais, reduzindo os resíduos e a pegada ecológica.

Na nossa Paisagem encontrámos os pastores, compreendemos os usos e costumes e descobrimos os artefactos do pastor-artesão. Identificamos uma genialidade não reconhecida e fomos motivados a agir em prol da valorização do nosso saber-fazer ancestral. A memória é importante; é a base de tudo.

Tudo começa com a colher. Depois da faca, é o objecto mais antigo da humanidade. É democrática e versátil, desde cedo que nos sustenta e satisfaz. Esta, é feita no Alentejo, num processo de produção totalmente artesanal e muito criterioso.

Cada colher é um manifesto pela preservação da nossa paisagem cultural: os nossos costumes, as nossas raízes, a nossa identidade. É uma celebração da nossa memória colectiva, tantas vezes esquecida e pouco valorizada.

O ofício da cutelaria de autor é o primeiro filho do casamento de alguns dos pilares que definem Telmo Roque.

Com raízes no interior de Portugal em que a floresta beija o Zêzere, movido pela urgente necessidade de gerir e estimar os recursos florestais e agrícolas na família há gerações, todas as madeiras utilizadas no produto proveem de trabalhos de gestão e manutenção, valorizando-os.

Exemplo disso é a utilização em contexto de alta qualidade de matérias aparentemente pouco valiosas como urze, giesta ou medronheiro, no que à floresta diz respeito, ou madeira de oliveira, azinho ou limoeiro, do lado agrícola do espectro.

Porque curiosidade e aprender sempre mais é das mais sólidas fundações de qualquer estrutura, a cutelaria é o elemento que unifica o percurso de ensino e de vida, sem desperdício.

Desde a infância e juventude sempre envolvido na vida do campo e do mato, somado às qualificações de desenho técnico, design e construção e à experiência de cozinha pelo mundo fora, tudo encontra um fio condutor nas facas e metal forjado, na ferramenta enquanto extensão do sujeito e trabalho.

É, muito simplesmente, amor em facas.

A ARTEVIDA – Fábrica de Mosaicos Hidráulicos de Estremoz, é o resultado da fusão entre a mais antiga oficina de mosaicos hidráulicos do país, ainda em funcionamento, a Fábrica de Mosaicos Hidráulicos de Estremoz, fundada pelo Mestre Lúcio Zagalo nos anos 60 e a Artevida criada por Sean O’Rian um irlandês que se apaixonou pelo Alentejo e pela produção artesanal do Mosaico Hidráulico.

Em 2019, a AZULIMA, empresa com sede no Porto adquiriu estas duas colecções, e proporcionou-se o encontro virtuoso entre a tradição local, representada pelo legado do Mestre Lúcio e uma nova visão mais contemporânea.

A partir de Estremoz produzimos mosaicos hidráulicos respeitando as técnicas tradicionais e modos artesanais.

O Alentejo é uma das regiões em Portugal mais aptas para a localização de uma produção desta natureza. Não só pela presença em abundância de dois elementos essenciais do mosaico hidráulico, como o calcário/mármore de onde provém o pó de pedra; mas também pelas características do clima, que contribuem para a secagem do material de modo natural.

No vídeo abaixo, executado pelo “ArteriaLab” da Universidade de Évora, está sintetizado o processo produtivo do mosaico hidráulico, onde se podem ver as diferentes ferramentas e utensílios descritos.

A VICARA é uma agência de design e cultura, com sede nas Caldas da Rainha, que funciona como editora de produtos de design exclusivo e como estúdio de design trabalhando com instituições culturais, empresas e outras marcas.

Fundada em 2011, a VICARA trabalha com uma comunidade diversificada de profissionais criativos portugueses e uma rede de fabricantes e oficinas, visando um alcance global com impacto social e económico local.

Produtos – editora de objectos de design exclusivo. Produzido localmente, distribuído globalmente. Para lojas de design, distribuidores especializados e o cliente final.
Pessoas – uma comunidade de indivíduos que trabalham colaborativamente e em rede.

Projectos – estúdio de design e agência de consultoria, a VICARA colabora com instituições culturais, empresas e outras marcas.

Artesanato – defesa do artesanato como meio de expressão material. Colaborando com artesãos e ONGs locais e uma rede de fabricantes e oficinas, visando um alcance global com impacto social e económico local.